Mosquitos transgênicos são criados para combater a malária
Ficha de Leitura nº6
Assunto : Cientistas produzem insetos alterados para produzir
principalmente machos — a ideia é que isso leve ao desaparecimento da
espécie.
Resumo: Cientistas produzem insetos alterados para combater a malária através da produção de apenas mosquitos machos uma vez que este vírus é transmitido pelas fêmeas assim pode se levar á extinção da espécie acabando com assim a malária.
Notícia : Biólogos anunciaram nesta terça-feira, dia 11 de
junho de 2014, ter desenvolvido uma nova arma contra a malária. Eles
criaram mosquitos geneticamente manipulados para produzir principalmente
descendentes machos — levando, eventualmente, ao desaparecimento da
população inteira de insetos.
A técnica produz uma geração de mosquitos transgênicos em
que 95% são do sexo masculino, enquanto nas populações normais o
percentual é de 50%. Os resultados foram descritos em artigo na revista
Nature Communications. Logo, restam tão poucas fêmeas que a população de
mosquitos desaba, reduzindo o risco de que os humanos entrem em contato
com o parasita da malária (transmitido pelas fêmeas).
"A malária é uma doença debilitante, com frequência fatal, e
nós precisamos encontrar novas formas de combatê-la", afirma o chefe do
estudo, Andrea Crisanti, professor do Imperial College de Londres.
"Achamos que nossa abordagem inovadora representa um enorme avanço. Pela
primeira vez, fomos capazes de inibir a produção de descendentes fêmeas
em laboratório e isso nos dá novas formas de eliminar a doença."
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a malária
mata mais de 600 mil pessoas por ano, sendo as principais vítimas
crianças pequenas da África subsaariana. Resultado de seis anos de
trabalho, o método se concentra nos mosquitos "
Anopheles gambiae", os transmissores mais perigosos do parasita da malária.
Os cientistas injetaram uma parte de enzima de DNA no
código genético dos embriões de mosquitos machos. Basicamente, a
modificação parte em pedaços o cromossomo X durante a produção de
espermatozoides na idade adulta.
Como resultado, quase nenhum espermatozoide funcional
contém o cromossomo X, que determina descendentes fêmeas. Ao contrário, a
maior parte dos espermatozoides carrega o cromossomo Y, que produz
machos. Os mosquitos modificados foram testados em cinco jaulas, cada
uma contendo 50 machos geneticamente modificados e 50 fêmeas silvestres
normais.
"Estou muito esperançoso de que essa nova abordagem possa,
enfim, levar a uma forma barata e eficaz de eliminar a malária", diz o
Roberto Galizi, pesquisador.
Em quatro das cinco jaulas, toda a população desapareceu em
seis gerações devido à falta cada vez maior de fêmeas. Os mosquitos
machos modificados produziram apenas herdeiros machos modificados, que
tiveram o mesmo tipo de descendentes até que não sobraram mais fêmeas.
"A pesquisa ainda está no começo, mas estou muito
esperançoso de que essa nova abordagem possa, enfim, levar a uma forma
barata e eficaz de eliminar a malária de regiões inteiras", declarou um
colega de Crisanti, Roberto Galizi. Em um comentário independente, o
especialista Michael Bonsall, da Universidade de Oxford, referiu-se à
pesquisa como um "trabalho muito legal".
"Isso tem implicações importantes para limitar a
disseminação da malária", declarou à Science Media Centre britânica.
"Será muito empolgante ver o avanço desta tecnologia." Os cientistas já
estão fazendo experimentos na natureza com mosquitos "
Aedes aegypti", que transmitem a dengue, e que foram modificados para gerar descendentes que não chegam à idade adulta.
Eles sobrevivem durante apenas uma semana, enquanto
mosquitos normais vivem um mês. O Brasil e a Malásia já soltaram nuvens
desses insetos, e em janeiro o Panamá anunciou que também fará o mesmo.
No entanto, estes programas despertam a preocupação de
ambientalistas, que chamam atenção para o impacto desconhecido de
animais geneticamente modificados no equilíbrio da biodiversidade. Eles
argumentam que se uma espécie de mosquito for eliminada de uma região,
abriria a oportunidade para uma espécie concorrente — e potencialmente
perigosa — vir à tona.
Fonte : http://www.sobiologia.com.br/conteudos/noticias/noticia30.php